Originalmente este post foi uma prova na faculdade. Mas resumiu tão bem meu pensamento, que resolvi adicioná-lo aqui.
Seria uma pergunta retórica, se ao lado desta estivesse perguntando por que não ser professor. Talvez seja mesmo uma pergunta retórica, mas daquelas que servem mais que pontes para boas conversas, esta é daquelas que nos perseguem durante toda a vida.
No discurso adotado por muitos, o referido questionamento não encontra mais morada. A pergunta seria: “Mas quem é que quer ser Professor?” ou ainda: “Professor? Que pena...?”.
Dito isto, este autor então resolve por suas próprias colheres e responder por que deseja tornar-se professor, ainda que haja razões para que não o seja.
A realidade é dura demais. Subnutrição que leva a um parco desenvolvimento intelectual. Miséria, que torna o ruim/mau, desejável. Miséria que subverte valores e cria argumentos que a subnutrição não deixou nascer. ”Traficantes são ricos, poderosos e não estudam, para que vou estudar?”. Nesse cenário o Professor é inimigo, tem pouquíssimo respeito. E torna-se refém da violência, cada vez mais acessível sob a forma de armas de fogo, nos mais variadas prateleiras da insatisfação. É difícil conviver com pessoas “invisíveis” em um mundo onde existem programas do tipo torne-se visível, ainda que por quinze minutos.
E deve ser complicado ganhar pouco e não ser respeitado em nada pelos seus empregadores diretos (governo) e indiretos (contribuintes).
Mas sabe, tem muito mais luz que trevas. Em todo professor existe uma fagulha de educador, que quase sempre apaga. Mas o fogo tem a tendência de alastrar-se. Então este autor considera a hipótese de se deixar tomar por esta esperança e poder ser muito mais que um professor, um educador.
Até hoje, não há nada m,ais empolgante que acompanhar e contribuir para o desenvolvimento intelectual de um ser humano, aquele mesmo vítima da miséria que subverteu suas idéias, seriamente afetadas pela subnutrição. É algo mais que uma tarefa é uma missão.
Um professor pode simplesmente passar conhecimentos adiante, mas quando se reconhece um educador tem belíssima oportunidade de cunhar novos conceitos, repensar o mundo,mudar focos e perspectivas, tecer idéias novas, construir um conhecimento sólido, tudo isso traz uma sensação de autosatisfação, de leveza e de recompensa, que na verdade um bom salário não traz e um salário ruim não tira.
Enquanto professor e ou educador, um indivíduo tem interação com os mais variados grupos. E as referidas construções de conhecimentos consolidam-se desta forma. Interagir com rico, pobres inteligentes, intelectuais reconhecidos, indiferentes, a rede de relacionamentos que se pode formar é sem comparações. Professor rompe fronteiras, quebra os muros, grita contra a pressão, é lembrado por muitos, por toda uma vida.
Este autor nutriu por toda uma vida o desejo de ser professor. Por opção. Primeira opção. E quer, ainda que haja pouco incentivo e baixos salários, reproduzir às novas gerações o legado e o exemplo adquirido de seus professores.
Tornar-se professor é participar de um projeto, não escrito, sequer elaborado, de resgate ou constituição da imagem de uma profissão que é comum a todas as profissões. Quem quiser olhar as trevas, que se vá, vai se perder, pois as trevas são densas e sedutoras. Mas quem optar por ingressar na luz, pode de repente, descobrir-se seduzido por se tornar, um professor.