Para conhecer o Parecer CNE/CP Nº 51/23, acesse
http://portal.mec.gov.br/docman/dezembro-2023-pdf/254491-pcp051-23/file
Para conhecer o Parecer CNE/CP Nº 51/23, acesse
http://portal.mec.gov.br/docman/dezembro-2023-pdf/254491-pcp051-23/file
LISTA BASE DE INDICADORES DE
SUPERDOTAÇÃO
-
PARÂMETROS PARA OBSERVAÇÃO DE ALUNOS EM SALA DE AULA -
Cristina Maria Carvalho Delou[1]
RESUMO
Este artigo apresenta a metodologia de criação de um
instrumento para identificação de alunos com altas habilidades/superdotação na
sala de aula. Trata-se de um check-list que apresenta tanto na Forma Grupal
como na Forma Individual parâmetros definidos como Comportamentos Observáveis e
Características Comportamentais típicas de alunos com altas
habilidades/superdotação. A metodologia utiliza foi a Técnica de Delfos que
destinase a pesquisar a opinião de um grupo de especialistas a respeito de um
determinado assunto sem o confronto face a face entre os pesquisados. Estes
especialistas formaram o “Painel Délfico”, que chegou ao consenso final de
vinte e quatro características em dois rounds. A análise dos dados mostra a
atualidade do instrumento, já que a legislação que institui e orienta as
práticas de Atendimento Educacional Especializado para alunos com altas
habilidades/superdotação continua a ser ratificada pelo MEC. No Apêndice, a
Lista Base de Indicadores de Superdotação - parâmetros para observação de alunos
em sala de aula é apresentada em seus dois formatos.
Palavras-Chave:
altas habilidades/superdotação; identificação; Atendimento Educacional
Especializado; Educação Especial.
APRESENTAÇÃO
A Lista Base de
Indicadores de Superdotação - parâmetros para observação de alunos em sala de
aula - como o próprio nome diz, é um
instrumento para observação de alunos, em sala de aula, com vistas à
avaliação de indicadores de superdotação. Não é teste de inteligência, nem de
personalidade. É um instrumento que tem a finalidade de identificar alunos com
comportamentos indicadores de superdotação em sala de aula regular de ensino,
na Educação Básica. Pode ser aplicado por qualquer profissional de educação em
sala de aula, em atividade extraclasse, em ambientes e situações de
aprendizagem coletivas.
Foi criado a partir do estudo realizado no curso de
Mestrado em Educação, na área de concentração Educação Especial de
Superdotados, na Faculdade de Educação da Universidade do Estado do Rio de
Janeiro (UERJ), em 1987. Dez anos depois, um estudo realizado pelo Programa de
Pós-Graduação em Educação, da própria UERJ, mostrou que o estudo ainda poderia
ser considerado original por não ter sido realizado nenhum outro posterior que
o refutasse. Seu propósito surgiu do interesse de oferecer aos professores uma
alternativa sistematizada e autônoma de observação dos comportamentos dos
alunos em sala de aula a fim de identificar os que apresentassem indicadores de
superdotação, para posterior encaminhamento ao atendimento educacional
especializado.
O ESTUDO
Sua elaboração partiu da transformação das características
de alunos com altas habilidades/superdotação, consagradas na literatura
científica especializada, em comportamentos decodificados em sala de aula, com
o objetivo de traduzir a linguagem técnica utilizada nos instrumentos próprios
à observação de superdotados.
A metodologia utilizada no estudo foi a Técnica de Delfos,
concebida por Olaf Helmer, que é uma técnica destinada a pesquisar a opinião de
um grupo de especialistas a respeito de um determinado assunto sem o confronto
face a face entre os pesquisados. O grupo de especialistas forma o “Painel
Délfico”.
Cada especialista recebeu um questionário formulado com o
objetivo de que dessem notas de zero a dez conforme o grau de importância que
atribuíssem às características indicadoras e superdotação em sala de aula. A
partir das respostas dadas, os questionários foram analisados buscando-se
identificar o consenso entre as respostas. As características consideradas como
discenso entre os especialistas foram imediatamente eliminadas. As
características consideradas de consenso entre os especialistas foram
selecionadas para a formação do futuro instrumento. E as características que
não se configuraram de imediato nem como discenso e nem como consenso,
novamente foram encaminhadas aos especialistas e, em um novo formulário com
vistas a informá-los sobre o quadro das opiniões, buscou-se verificar de que
modo os especialistas se reposicionavam frente às opiniões do grupo.
Cada uma das etapas de trabalho dirigidas aos
especialistas, Olaf Helmer denominou de
“rounds”, que tem no responsável pelo estudo, aquele que
analisa e apura o consenso e o dissenso entre as opiniões dos especialistas,
confrontando-as nas etapas seguintes, e decide a necessidade de um novo “round”
de confronto de opiniões, até que se consiga um consenso significativo. A
técnica parte do pressuposto de que os especialistas participantes do “Painel
Délfico” devem ser autoridades no assunto, representarem uma instância crítica
em sua área de conhecimento e o consenso entre eles é válido como predição ou
evidência para o esclarecimento de questões marcadas pela controvérsia.
Para a constituição da Lista
Base de Indicadores de Superdotação - parâmetros para observação de alunos em
sala de aula formou-se um “Painel Délfico” com doze profissionais de renome
na área da Educação Especial brasileira e da Educação de Superdotados, dos
estados do Rio de Janeiro, Bahia, Rio Grande do Sul e Distrito Federal e o
consenso foi obtido em dois “rounds”.
As características de superdotação foram selecionadas em
diferentes instrumentos de observação de superdotados, nacionais e
estrangeiros, disponíveis na literatura, tomando-se como referencial teórico o
conceito adotado pela Secretaria de Educação Especial, do MEC,
"são
considerados superdotados e talentosos os que apresentam notável desempenho
e/ou elevada potencialidade em qualquer dos seguintes aspectos, isolados ou
combinados:.
* capacidade intelectual geral;
* aptidão acadêmica específica;
* pensamento criador ou produtivo;
* capacidade de liderança;
* talento especial para artes visuais,
dramáticas e música;
* capacidade psicomotora” (BRASIL, 1986,
1995)[2].
Foi feito, inicialmente, um levantamento de 120
características categorizadas de acordo com as áreas discriminadas no conceito.
Cada característica foi transformada em comportamentos observáveis em sala de
aula, com pistas para atividades pedagógicas que podem ser desenvolvidas com a
turma. No primeiro “round” houve uma redução de 58 características e o segundo
definiu as 24 características de maior consenso. Os especialistas não
selecionaram características para todas as áreas do conceito, ficando as áreas aptidão acadêmica específica e talento especial para artes visuais,
dramáticas e música sem nenhuma característica relacionada. Também não
houve a preocupação de que cada área tivesse o mesmo número de características.
O resultado do levantamento de opinião entre os
especialistas indicou: a) significativo grau de discordância entre as opiniões
dos especialistas; b) que a priorização de características comportamentais é
importante e necessária, pois nela são selecionados os indicadores de
superdotação mais comuns e que chama mais a atenção; c) que as listagens de
identificação disponíveis diferem entre si em relação aos tipos de superdotação
avaliados e a linguagem empregada, o que dificulta o trabalho do professor que,
por vezes, precisa usar mais de um instrumento ou não compreende totalmente as
características apresentadas; d) que cada aluno com altas habilidades/superdotação
apresenta um leque variado de características, que muda de acordo com variáveis
diversas, relativas a fatores genéticos, estimulação ambiental e com a forma
pela qual combina estas variáveis.
Os conceitos apresentados mais recentemente não refutam o
conceito apresentado, pelo contrário, mostram que o modelo inicial ainda não
foi superado.
Alunos com altas habilidades/superdotação demonstram
potencial elevado em qualquer uma das seguintes áreas, isoladas ou combinadas:
intelectual, acadêmica, liderança, psicomotricidade e artes. Também apresentam
elevada criatividade, grande envolvimento na aprendizagem e realização de
tarefas em áreas de seu interesse. Dentre os transtornos funcionais específicos
estão: dislexia, disortografia, disgrafia, discalculia, transtorno de atenção e
hiperatividade, entre outros. (BRASIL, 2009)
Art. 4º Para fins destas Diretrizes (Resolução CNE/CEB Nº
04/2009), considerase público-alvo do AEE: [...] III – Alunos com altas
habilidades/superdotação:
aqueles
que apresentam um potencial elevado e grande envolvimento com as
áreas do conhecimento humano, isoladas ou combinadas:
intelectual, liderança, psicomotora, artes e criatividade. (BRASIL, 2009)
O INSTRUMENTO
O instrumento foi denominado Lista Base de Indicadores de Superdotação - parâmetros para observação
de alunos em sala de aula. As características que obtiveram consenso entre
os especialistas do Painel Délfico foram agrupadas, igualmente, em dois formulários
com objetivos distintos: FORMA
GRUPAL E FORMA INDIVIDUAL.
A Forma Grupal
pode ser utilizada em observações gerais da turma como um todo. Serve para
quebrar o preconceito inicial, expresso em falas como: “ na minha turma ninguém é superdotado”. Serve, também, para uma
turma que tem um aluno já reconhecido por sua alta competência acadêmica,
evitando que o professor só consiga fazer a avaliação deste, esquecendo-se dos
demais alunos, que sempre apresentam alguma característica interessante, mas que
por algum motivo não nos chamou a atenção. É comum não conseguirmos ver talento
aonde há fracasso, além disso, não costumamos valorizar os talentos
apresentados por alunos que não sejam destaques acadêmicos em áreas como
matemática ou ciências, no âmbito da escola.
Quando o professor for utilizar a Forma Grupal é importante
que seu pensamento percorra a turma inteira. Que não se detenha em apontar um
só aluno em todas as características. Este momento está destinado a detectar as
peculiaridades de cada aluno da turma. Não importa que o aluno só tenha sido
mencionado uma vez. O que importa é que cada aluno seja lembrado, para depois
ser analisado com mais detalhe e cuidado.
A Forma Individual
deve ser utilizada em observações separadas, individuais de cada aluno, após o
levantamento realizado na forma grupal. O professor deverá reservar uma ficha,
da forma individual, para cada aluno e, agora, verificar a consistência e a
frequência de cada característica da Lista e não somente as apontadas na Forma
Grupal.
ANÁLISE DOS RESULTADOS
A análise dos resultados obtidos no levantamento feito na Lista Base de Indicadores de Superdotação -
parâmetros para observação de alunos em sala de aula não é complexa. Na
Forma Grupal, observa-se quais foram os alunos que mais foram mencionados e em
que áreas, para que se possa definir qual foi a área de maior concentração de
características para cada aluno. Para isso, após cada característica é
apresentada a sigla da área correspondente.
Por exemplo:
o aluno que só foi mencionado na última característica, POSSUI HABILIDADE FÍSICA (CP), deve ser um
aluno que só chama a atenção do professor nessa área, que é a competência
básica da área dos esportes, da educação física, dando ao professor subsídio
indicativo de capacidade psicomotora.
Na etapa seguinte, o nome do aluno deverá ser encaminhado à
Forma Individual de observação. Sua avaliação deverá ser realizada novamente,
agora do ponto de vista das atividades psicomotoras, começando pela primeira
característica GOSTA DE
QUEBRA-CABEÇA E JOGOS-PROBLEMA (IG). Mesmo que na Forma Grupal seu nome
não tenha sido mencionado na referida característica. Durante o processo o
professor deverá visualizar as características mais frequentes, isto é, as características que aparecem mais
vezes por área, isoladas ou combinadas (conforme preconiza o conceito) e as mais consistentes, isto é, aquelas que
são assinaladas na coluna sempre, ou seja, as características que são facilmente
constatadas no aluno.
Voltando ao exemplo: o aluno agora será avaliado do ponto
de vista da frequência e da consistência de suas características. Quais foram
as características que o aluno apresentou mais vezes? E as características
pertencem a que área ou áreas? O aluno apresenta características de áreas
isoladas ou combinadas?
As respostas podem ser encontradas através da contagem e do
levantamento percentual simples, porque não se trata de teste e não se trata de
comparar seus resultados com os de ninguém ou de tabela alguma. É só verificar
os itens que foram mais frequentes em termos percentuais, tomando-se o cuidado
para considerar como verdadeiro o resultado de áreas que só apresentam uma
única característica, assim como o resultado de maioria, quando houver mais de
uma característica para a mesma área.
O professor que planejar as atividades a serem
desenvolvidas na sala de aula, tendo em mente as características que constam na
Lista Base de Indicadores de
Superdotação - parâmetros para observação de alunos em sala de aula, poderá
observar sistematicamente a manifestação de características próprias de alunos
com altas habilidades/superdotação e a dinâmica destas características no
coletivo. Outra conseqüência direta, decorrente do planejamento voltado para as
características apresentadas na Lista, é que o professor estará oferecendo um
currículo enriquecido a todos os seus alunos, promovendo práticas de educação
inclusiva por propiciar situações de aprendizagem favorecedoras à manifestação
e à descoberta de talentos, até então, desconhecidos, despertando interesses e
atendendo às necessidades de todos os alunos.
OS DIAS ATUAIS E A NOVA LEGISLAÇÃO
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei
9394/96, mostrou avanços significativos quanto ao reconhecimento dos direitos
que os alunos com altas habilidades/superdotação têm, ao lado de seus pares de
necessidades educacionais especiais, ratificando a Política Nacional de
Educação Especial, de 1994. Reconhecer direitos educacionais aos alunos que
apresentam indicadores de superdotação, aponta para a ressignificação destas
características de aprendizagem que têm demonstrado a singularidade destes
alunos no que se refere à complexa questão dos ritmos diferenciados de
aprendizagem, produzindo, em muitos casos, dessincronia do desenvolvimento
global, levando à necessidade da aceleração de estudos, o que acaba por
demandar a certificação precoce dada a terminalidade antecipada em relação à
idade dos demais alunos. Esta era uma expectativa há muito pleiteada por uma
parcela da população, que sistematicamente buscava atendimentos especializados
pela falta de preparo dos profissionais da educação para lidar e decidir o
futuro escolar de alunos com superdotação.
Com a LDB (BRASIL, 1996), os direitos dos alunos com altas
habilidades/superdotação ficam garantidos e com a Resolução N.º 2/2001, do
CNE/CEB, não ficou resolvida a questão léxico-conceitual. Nesta Resolução os
alunos com altas habilidades/superdotação foram incluídos no artigo referente ao
público-alvo, onde se lê que, consideram-se
educandos com necessidades educacionais especiais os que durante o processo
educacional, apresentarem: ... altas habilidades/superdotação, grande facilidade de aprendizagem que os leve a
dominar rapidamente conceitos, procedimentos e
atitudes. (BRASIL, 2001, Art. 5º, III)
A questão conceitual trouxe duas categorias ao cenário
educacional que não são esclarecedoras por si só, necessidades educacionais
especiais e altas habilidades/superdotação. O tempo tem mostrado como ambas são
inadequadas para expressarem idéias tão singulares. Necessidades educacionais
especiais tem sido empregada numa visão reducionista para se referir aos alunos
com deficiências e altas habilidades/superdotação como sinônimas, categorias
correlatas, sugerindo a possibilidade de concepções diferentes, pois habilidade
pode ser vista como capacidade a ser desenvolvida e dotação como capacidade
inata de cada indivíduo.
Contudo, independente da natureza conceitual, o
parecerista-legislador levou em consideração o fato de alunos com altas
habilidades/superdotação terem condições
de aprofundar e enriquecer conteúdos, devendo receber desafios suplementares em
classe comum, em sala de recursos ou
em outros espaços definidos pelos sistemas de ensino, inclusive para concluir, em menor tempo, a série ou
etapa escolar. (BRASIL, 2002). Mais recentemente, entrou em vigor a
Resolução CNE/CEB Nº 04/2009, que prevê em seu artigo 7º:
Os alunos com altas habilidades/superdotação terão suas
atividades de enriquecimento curricular desenvolvidas no âmbito de escolas
públicas de ensino regular em interface com os núcleos de atividades para altas
habilidades/superdotação e com as instituições de ensino superior e institutos
voltados ao desenvolvimento e promoção da pesquisa, das artes e dos esportes.
(BRASIL, 2009)
Ou seja, alunos com altas habilidades/superdotação podem
desenvolver atividades escolares mais ricas e profundas no contexto das suas
próprias escolas, em ambientes programados para este fim, ou em instituições
que ofereçam acesso aos níveis mais elevados do ensino (BRASIL, 1996, Art. 40,
V), a fim de realizarem atividades de pesquisa, artes e esportes (BRASIL, 2009,
Art. 7º), segundo as capacidades de cada um. (BRASIL, 1996, Art. 40, V).
Atualmente, estes são os princípios que devem nortear as
práticas pedagógicas inclusivas para alunos com altas habilidades/superdotação.
Eles representam um avanço no movimento escolar que supunha o enquadramento e a
conformação destes alunos a níveis de escolaridade mais baixos,
dessincronizados do nível de desenvolvimento real apresentados por alunos com
altas habilidades/superdotação. Inclusão neste caso significa planejar e
reestruturar o cotidiano escolar para oferecer um ensino regular, baseado no
princípio da diversidade e oportunidades que vão além do que os demais alunos
da turma, regra geral, necessitam. É para isto que se devem identificar alunos
com altas habilidades/superdotação em sala de aula. Se atendidos
educacionalmente após uma identificação adequada, alunos com altas
habilidades/superdotação terão seus direitos garantidos.
CONCLUSÃO
A identificação de alunos com altas
habilidades/superdotação em sala de aula exige do professor capacidade e rotina
de observação, além do conhecimento específico de características destes alunos
já reunidas em pesquisas científicas. O desconhecimento das características dos
alunos com altas habilidades/superdotação poderá levar, o professor, a
julgamentos inadequados acerca dos comportamentos expressos pelos alunos.
Todavia o conhecimento dessas características não assegura o acerto no melhor atendimento
pedagógico, mas salvaguarda o professor de trabalhar sem os conhecimentos
necessários sobre o alunado que está atendendo.
A identificação de alunos com altas
habilidades/superdotação através da observação e julgamento de professores é um
método bastante controvertido. Embora recomendado como possível, vários autores
apontam suas limitações, procurando demonstrar que não deve ser considerada
isoladamente dos demais métodos ou procedimentos.
Novaes (1979) lembrou que, segundo Gallagher, os
professores não conseguem detectar alunos com dificuldades de rendimento
escolar, com atitudes agressivas e apáticas no que diz respeito aos programas
escolares, havendo necessidade de que suas observações sejam complementadas por
testes padronizados e de aproveitamento escolar. Silva (1981) constatou que o
método mais utilizado no Brasil para identificar alunos com altas
habilidades/superdotação era a observação de professores, devido ao fato de que
a maior parte dos testes utilizados em nosso país ainda não tinha sido adaptada
à realidade brasileira, reconhecendo que o professor vive as necessidades
locais, sofre a ação do meio e, ao mesmo tempo, influencia-o.
Delou (2001) constatou que nos últimos anos, a observação
de professores constituiu-se no método de encaminhamento de alunos considerados
superdotados para salas de recursos voltadas para o atendimento educacional
especializado desses alunos. Segundo Novaes (1979) “as situações de classe são
oportunidades ímpares de avaliação escolar”. O professor está em sala de aula:
convive com os alunos, vê o que fazem, como fazem, como se expressam, como se
relacionam e, a partir desta convivência, dinamizam o processo avaliativo
(DELOU, 1987).
Hoje, o atendimento educacional especializado para alunos
com deficiências, transtornos globais do desenvolvimento e altas
habilidades/superdotação requer ações transformadoras no cotidiano escolar. Para
além dos avanços apontados na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional,
Lei 9394/96, a Resolução CNE/CEB Nº 04/2009, que implementa o Decreto nº
6.571/2008, que institui as Diretrizes Operacionais para o Atendimento
Educacional Especializado na Educação Básica, modalidade Educação Especial,
oferece amplas possibilidades escolares para alunos com altas
habilidades/superdotação.
Para além do que foi estabelecido para a Educação Básica e
para o Ensino Superior como a previsão de apoio especializado, na escola
regular, para atender as peculiaridades da clientela de educação especial;
atendimento educacional feito em classes, escolas ou serviços especializados,
sempre em função das condições específicas dos alunos através de currículos,
métodos, recursos educativos, e organizações específicos, para atender às suas
necessidades; aceleração e avaliações para eliminar etapas vencidas em nível
cognitivo e para concluir em menor tempo o programa escolar; professores com
especialização adequada em nível médio ou superior, para atendimento
especializado, bem como professores do ensino regular capacitados para a
integração desses educandos nas classes comuns; educação especial para o
trabalho, visando efetiva integração na vida em sociedade, para aqueles que apresentam
uma habilidade superior nas áreas artística, intelectual ou psicomotora
(BRASIL, 1996), o atendimento educacional especializado é um direito adquirido
que depende de programas de identificação de alunos com altas
habilidades/superdotação.
Com tantas inovações há que se preparar o professor para
identificar e atender adequadamente estes alunos nos sistemas regulares de
ensino, pois, na verdade, eles são tão excluídos quanto os alunos com
deficiências sensoriais, físicas ou mentais e os alunos com transtornos globais
do desenvolvimento.
Alunos com altas habilidades/superdotação estão,
historicamente, inseridos nas classes comuns de ensino. Regra geral, passam
desapercebidos. Podem ser excelentes alunos ou apresentar problemas específicos
de aprendizagem. Mas, com certeza, não estão integrados aos seus grupos
escolares. Integração prevê a interação entre pares e, frequentemente, estes
alunos, estão solitários no grupo de colegas e nos pátios de recreios
escolares, pois não têm com quem compartilhar interesses. É nossa
responsabilidade contribuir para a diminuição destas distâncias e favorecer que
estes alunos encontrem caminhos de se formarem cidadãos de forma mais ética e
solidária, menos atingidos por estigmas e preconceitos (DELOU, 1996).
Por este motivo, é que mais de dez anos após a sua criação,
ainda é útil divulgar esse instrumento como alternativa mediadora de práticas
pedagógicas já que muito pouco foi feito em termos do atendimento educacional
especializado a alunos com altas habilidades/superdotação.
BIBLIOGRAFIA
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APÊNDICE
-
PARÂMETROS PARA OBSERVAÇÃO DE ALUNOS EM SALA DE AULA -
por
FORMA GRUPAL
INSTRUÇÕES:
1- Leia e
analise, atentamente, cada item.
2- Procure se
lembrar dos alunos que apresentam essas características.
3- Anote os
nomes dos alunos no lugar indicado e, se necessário, o número da turma também.
4- Por último,
anote nas fichas individuais os nomes dos alunos apontados na forma grupal e
faça nova avaliação, agora individual.
COMPORTAMENTOS
OBSERVÁVEIS |
CARACTERÍSTICAS
COMPORTAMENTAIS |
NOMES DOS
ALUNOS |
O aluno demonstra prazer
em realizar ou planejar quebra-cabeça e problemas em forma de jogos. |
GOSTA DE
QUEBRA-CABEÇA E JOGOS-PROBLEMA (IG)[3]
|
|
O aluno dirige mais sua
atenção para fazer coisas novas do que para o que já conhece e/ou faz sempre.
|
INTERESSA-SE
MAIS POR ATIVIDA- DES
CRIADORAS DO QUE POR TAREFAS REPETITIVAS E ROTINEIRAS (IG) |
|
O aluno sente prazer em
superar os obstáculos ou as tarefas consideradas difíceis. |
GOSTA DE ACEITAR DESAFIOS (IG) |
|
O aluno demonstra que faz
excelente uso da faculdade de concatenar, relacionar idéias deduzidas uma das
outras, a fim de chegar a uma conclusão ou a uma demonstração |
TEM
EXCELENTE CAPACIDADE DE RACIOCÍNIO (IG) |
|
O aluno
mantém e defende suas próprias idéias. |
APRESENTA
INDEPENDÊNCIA DE PENSAMENTO (IG) |
|
O aluno demonstra que
associa o que aprende hoje ao que já aprendeu ou assimilou. |
RELACIONA
AS INFORMAÇÕES JÁ RECEBIDAS
COM OS NOVOS CO- NHECIMENTOS ADQUIRIDOS (IG) |
|
O aluno emite opiniões pensadas, refletidas. |
EMITE
JULGAMENTOS AMADURE- CIDOS (IG) |
|
O aluno faz perguntas
sobre assuntos corriqueiros do dia a dia, assim como sobre questões
diferentes ligadas à física, astronomia, filosofia e outros. |
POSSUI
CURIOSIDADE DIVERSIFI- CADA (IG) |
|
O aluno demonstra realizar
com acerto e aperfeiçoar, cada vez mais, tudo o que faz. |
PROCURA
PADRÃO SUPERIOR EM QUASE TUDO O QUE FAZ (IG) |
|
O aluno
demonstra não precisar da |
APRESENTA AUTO-SUFICIÊNCIA |
|
COMPORTAMENTOS
OBSERVÁVEIS |
CARACTERÍSTICAS
COMPORTAMENTAIS |
NOMES DOS
ALUNOS |
ajuda de
outras pessoas para desincumbir-se de suas responsabilidades. |
(IG) |
|
O aluno
põe em prática os conhecimentos adquiridos. |
APLICA OS
CONHECIMENTOS AD- QUIRIDOS (IG) |
|
O aluno demonstra saber
chegar ao término de um pensamento, problema, atividade e outros. |
POSSUI
CAPACIDADE DE CONCLU- SÃO (IG) |
|
O aluno produz idéias, faz
associações diferentes, encontrando novas alternativas para situações e
problemas. |
É IMAGINATIVO (PC)[4]
|
|
O aluno usa métodos novos
em suas atividades, combina idéias e cria produtos diferentes. |
É ORIGINAL (PC) |
|
O aluno
faz atividades ou exercícios a mais do que foram pedidos. |
EXECUTA
TAREFAS ALÉM DAS PE- DIDAS (PC) |
|
O aluno apresenta idéias comuns e diferentes
com facilidade. |
POSSUI FLEXIBILIDADE DE PENSAMENTO (PC) |
|
O aluno não precisa de
muito tempo para produzir idéias novas ou muitas idéias. |
TEM IDÉIAS RAPIDAMENTE (PC) |
|
O aluno demonstra
verbalmente idéias novas e diferentes através de histórias, soluções de
problemas, confecção e elaboração de textos, criação de objetos e outros. |
POSSUI IMAGINAÇÃO FORA DO COMUM (PC) |
|
O aluno produz, inventa
suas próprias respostas, encontrando soluções originais. |
CRIA SUAS
PRÓPRIAS SOLUÇÕES (PC) |
|
O aluno usa os objetos que
já têm uma função definida de diferentes maneiras |
DÁ NOVAS
APLICAÇÕES A OBJETOS PADRONIZADOS (PC) |
|
O aluno é capaz de
perceber o que seus colegas são capazes de fazer, orientá-los para que
utilizem esta capacidade nos trabalhos e atividades do próprio grupo. |
PODE
JULGAR AS HABILIDADES DOS OUTROS ESTUDANTES E
ENCONTRAR UM LUGAR PARA ELES NAS ATIVIDADES DO GRUPO (CL)[5]
|
|
O aluno analisa e julga
trabalhos artísticos em exposições, visitas e a parques, museus e outros. |
O ALUNO APRECIA, CRITICA E
APRENDE ATRAVÉS DO TRABALHO DE OUTREM (CL) |
|
O aluno faz contatos
sociais e inicia conversas com facilidade; faz amigos facilmente. |
ESTABELECE
RELAÇÕES SOCIAIS COM FACILIDADE (CL) |
|
O aluno tem coordenação,
agilidade, habilidade para participar satisfatoriamente de exercícios e
jogos. |
POSSUI HABILIDADE FÍSICA (CP)[6]
|
|
- PARÂMETROS
PARA OBSERVAÇÃO DE ALUNOS EM SALA DE AULA -
por
Nome do Aluno:
.............................................................................................................................
Data de Nascimento: ........................................... Série:
............................ Turma: ......................... Professor /
Técnico Responsável:
.....................................................................................................
FORMA INDIVIDUAL
INSTRUÇÕES: Observe seu aluno e preencha a Ficha
Individual, marcando com um X os comportamentos observáveis correspondentes, de
acordo com os critérios 1, 2, e 3. Conte quantos comportamentos SEMPRE foram
marcados. Os alunos que apresentarem 18 ou mais comportamentos observáveis
SEMPRE mostram significativos indicadores de altas habilidades/superdotação.
Encaminhe-os ao Núcleo de Atendimento para Altas Habilidades/Superdotação do
seu Estado.
1- NUNCA 2- ÀS
VEZES 3- SEMPRE
COMPORTAMENTOS
OBSERVÁVEIS |
CARACTERÍSTICAS
COMPORTAMENTAIS |
1 |
2 |
3 |
O aluno demonstra prazer
em realizar ou planejar quebra-cabeça e problemas em forma de jogos. |
GOSTA DE
QUEBRA-CABEÇA E JO- GOS-PROBLEMA (IG)[7]
|
|
|
|
O aluno dirige mais sua
atenção para fazer coisas novas do que para o que já conhece e/ou faz sempre.
|
INTERESSA-SE
MAIS POR ATIVIDADES CRIADORAS DO QUE POR TARE- FAS
REPETITIVAS E ROTINEIRAS (IG) |
|
|
|
O aluno sente prazer em
superar os obstáculos ou as tarefas consideradas difíceis. |
GOSTA DE ACEITAR DESAFIOS (IG) |
|
|
|
O aluno demonstra que faz
excelente uso da faculdade de concatenar, relacionar idéias deduzidas uma das
outras, a fim de chegar a uma conclusão ou a uma demonstração |
TEM
EXCELENTE CAPACIDADE DE RACIOCÍNIO (IG) |
|
|
|
O aluno
mantém e defende suas próprias idéias. |
APRESENTA
INDEPENDÊNCIA DE PENSAMENTO (IG) |
|
|
|
O aluno demonstra que
associa o que aprende hoje ao que já aprendeu ou assimilou. |
RELACIONA
AS INFORMAÇÕES JÁ RECEBIDAS
COM OS NOVOS CONHECIMENTOS ADQUIRIDOS (IG) |
|
|
|
O aluno emite opiniões pensadas, refletidas. |
EMITE
JULGAMENTOS AMADURECI- DOS (IG) |
|
|
|
O aluno faz perguntas
sobre assuntos corriqueiros do dia a dia, assim como sobre questões
diferentes ligadas à física, astronomia, filosofia e outros. |
POSSUI
CURIOSIDADE DIVERSIFICA- DA (IG) |
|
|
|
COMPORTAMENTOS
OBSERVÁVEIS |
CARACTERÍSTICAS
COMPORTAMENTAIS |
1 |
2 |
3 |
O aluno demonstra realizar
com acerto e aperfeiçoar, cada vez mais, tudo o que faz. |
PROCURA
PADRÃO SUPERIOR EM QUASE TUDO O QUE FAZ
(IG) |
|
|
|
O aluno demonstra não
precisar da ajuda de outras pessoas para desincumbir-se de suas
responsabilidades. |
APRESENTA
AUTO-SUFICIÊNCIA (IG) |
|
|
|
O aluno
põe em prática os conhecimentos adquiridos. |
APLICA OS
CONHECIMENTOS AD- QUIRIDOS (IG) |
|
|
|
O aluno demonstra saber
chegar ao término de um pensamento, problema, atividade e outros. |
POSSUI
CAPACIDADE DE CONCLU- SÃO (IG) |
|
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O aluno produz idéias, faz
associações diferentes, encontrando novas alternativas para situações e
problemas. |
É IMAGINATIVO (PC)[8]
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O aluno usa métodos novos
em suas atividades, combina idéias e cria produtos diferentes. |
É ORIGINAL (PC) |
|
|
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O aluno
faz atividades ou exercícios a mais do que foram pedidos. |
EXECUTA
TAREFAS ALÉM DAS PE- DIDAS (PC) |
|
|
|
O aluno apresenta idéias comuns e diferentes
com facilidade. |
POSSUI
FLEXIBILIDADE DE PENSAMENTO (PC) |
|
|
|
O aluno não precisa de muito tempo para produzir idéias
novas ou muitas idéias. |
TEM IDÉIAS RAPIDAMENTE (PC) |
|
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|
O aluno demonstra
verbalmente idéias novas e diferentes através de histórias, soluções de
problemas, confecção e elaboração de textos, criação de objetos e outros. |
POSSUI
IMAGINAÇÃO FORA DO COMUM (PC) |
|
|
|
O aluno produz, inventa
suas próprias respostas, encontrando soluções originais. |
CRIA SUAS
PRÓPRIAS SOLUÇÕES (PC) |
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O aluno
usa os objetos que já têm uma função definida de diferentes maneiras |
DÁ NOVAS
APLICAÇÕES A OBJETOS PADRONIZADOS (PC) |
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O aluno é capaz de
perceber o que seus colegas são capazes de fazer, orientá-los para que
utilizem esta capacidade nos trabalhos e atividades do próprio grupo. |
PODE
JULGAR AS HABILIDADES DOS OUTROS ESTUDANTES E
ENCONTRAR UM LUGAR PARA ELES NAS ATIVIDADES DO GRUPO (CL)[9]
|
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|
O aluno analisa e julga
trabalhos artísticos em exposições, visitas e a parques, museus e outros. |
O ALUNO APRECIA, CRITICA E
APRENDE ATRAVÉS DO TRABALHO DE OUTREM (CL) |
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O aluno faz contatos
sociais e inicia conversas com facilidade; faz amigos facilmente. |
ESTABELECE
RELAÇÕES SOCIAIS COM FACILIDADE (CL) |
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O aluno tem coordenação,
agilidade, habilidade para participar satisfatoriamente de exercícios e
jogos. |
POSSUI HABILIDADE FÍSICA (CP)[10]
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[1] Psicóloga e Licenciada em
Psicologia( PUC/RJ) - Mestre em Educação - área de concentração: Educação
Especial/Superdotados - (UERJ) - Doutora
em Educação: História e Filosofia da Educação (PUC/SP) - Professora Associado
do Departamento Sociedade, Educação e Conhecimento da Faculdade de Educação da
Universidade Federal Fluminense - UFF - Campus do Gragoatá, Bloco D, sala 428,
CEP: 24.210 -201, Niterói, RJ, Brasil. E-mail: cristinadelou@id.uff.br
[2] Este conceito foi definido
através de equipe de especialistas reunida no Centro Nacional de Educação
Especial - antigo CENESP - órgão ligado ao MEC e divulgado no Projeto Prioritário nº 35 do Plano Setorial de Educação,
do biênio 72/74. Em 1994, tentou-se substituir o termo superdotado pelo termo
altas habilidades, mas não houve uma proposta de reformulação
teórico-conceitual mais objetiva. Considerando-se que a LDB e o documento Parâmetros
Curriculares Nacionais: Adaptações Curriculares Estratégias para a Educação de
Alunos com Necessidades Educacionais Especiais utilizaram o termo
superdotado é que se justifica a manutenção desse termo original. Quanto ao
conceito, constatou-se que também não houve uma significativa mudança em sua
base filosófica, o que demonstra a atualidade da Lista Base de Indicadores de Superdotação - parâmetros para observação
de alunos em sala de aula.
[3]
IG = INTELIGÊNCIA GERAL;
[4]
PC = PENSAMENTO CRIADOR;
[5]
CL = CAPACIDADE DE LIDERANÇA
[6]
CP = CAPACIDADE PSICOMOTORA
[7]
IG = INTELIGÊNCIA GERAL;
[8]
PC = PENSAMENTO CRIADOR;
[9]
CL = CAPACIDADE DE LIDERANÇA
[10]
CP = CAPACIDADE PSICOMOTORA